ARROZ
DE CARRETEIRO (RECEITA DOS TROPEIROS)
Autor:
Sérgio Fernando Hess de Souza
Esta é
uma receita que aprendi quando criança, de um tropeiro
que sempre passava por Luis Alves, e acampava no nosso
terreno com sua troupilha e peões. O tropeiro se chamava
VALDOMIRO NEVES e vinha de Ponte Alta do Sul (perto
de Lages).
INGREDIENTES
PARA 20 PESSOAS:
5 kg de charque*** (carne seca) de 1. com gordura;
1 kg de linguiça pura e maturada (opcional);
1,6 kg de arroz amarelão;
5 Cebolas grandes;
10 dentes de alho;
200 gr de toucinho ou bacon;
Sal e pimenta.
MODO DE FAZER:
Dessalgue o charque já cortado em pequenos cubos, sem
fervê-lo, colocando-o numa vazilha com agua, que deverá
ser trocada a cada duas horas; (+- 12 horas).
Coloque o arroz de molho, sem lavá-lo.
Corte a linguiça em rodelas, frite-as e reserve sem
o excesso de gordura;
De preferência numa panela de ferro ou outra de parede
grossa, derreta o toucinho (bacon), e doure o alho e a cebola.
Após, coloque o charque, a linguiça já
frita (opcional) e a pimenta a gosto, acrescentando +- 1 litro
de água. Deixe cozinhar no mínimo por 30 minutos,
colocando em seguida o arroz. Verifique o sal e a água,
completando-os se necessário. Sirva em seguida.
DICAS:
O charque + maturado acentua o paladar e torna o arroz de
carreteiro mais original;
Coloque o tempero verde num recipiente para que cada um se
sirva a gosto;
Não ferva o charque para tirar o sal, mantendo desta
forma o gosto mais autentico;
Regule o sal somente ao final, pois com a fervura do charque
o sal pode se acentuar;
Sirva o arroz de carreteiro assim que ficar pronto, ainda
quente, e bom apetite;
O arroz deve corresponder a 1/3 do peso do charque;
Para cada quilo de charque, coloque uma cebola grande e dois
dentes de alho;
O arroz leva de 10 a 20 minutos para cozinhar, dependendo
do fogo;
Quanto mais tempo cozinhar o charque, mais macio fica;
Verifique a quantidade de fogo, pois dependendo da panela
poderá queimar o arroz.
Arroz de Carreteiro: Prato característico do
cardápio gaúcho. Nascido da luta das estradas,
seu sabor se confunde com o prazer de viver nestes pagos soberanos.
(Extraído do livro de Salvador Ferrando Lamberty
ABC do Tradicionalismo Gaúcho , 2. Edição,
Martins Livreiro Editor, 1989).
Carreteiro:
Aquele que conduzia as carreteadas, que era um veículo
de tração animal, uma espécie de carroça
puxada por bois. Os rangidos dos rodados eram a certeza do
transporte do suprimento necessário para erguer-se
um rancho, vanguarda dos confins das plagas do sul. Cortando
distâncias, o carreteiro deixava a família e
a querência. Um fiambre, contendo charque, tinha presença
na mochila do carreteiro. Era o alimento protéico mais
adequado para vencer a carreira das distâncias.
No
livro de Jayme Caetano Braun Potreiro de Guachos,
5.edição, Ed. Sulina, 1975, encontramos uma
poesia intitulada ARROZ CARRETEIRO fantástica,
que conta toda a história deste prato.
**Tropeiro:
Condutor de tropas, de gado, de éguas, de mulas, ou
de cargueiros. Pessoa que se ocupa em comprar e vender tropas
de gado, de éguas ou de mulas. Peão que ajuda
a conduzir a tropa, que tem por profissão ajudar a
conduzir tropas. O trabalho do tropeiro é um dos mais
ásperos, pois além das dificuldades normais
da lida com o gado, é feito ao relento, dia e noite,
com chuva, com neve, com minuano, com soalheiras inclementes,
exigindo sempre dedicação integral de quem o
realiza.
***Charque: Carne bovina salgada e secada ao vento.
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